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sábado, janeiro 09, 2010

These days


A falta de tempo continua... e parece cada vez maior e asfixiante.

Uma nova vida se aproxima, ainda mais a dois do que já é.
Algum receio, alguma insegurança é normal. Não tenho dúvidas do caminho que estou a seguir. Estou a enfrentar algumas provas. Ainda hoje, voltei a ter uma conversa mais séria com a minha mãe. Tive de ouvir, que preferia que eu ficasse sozinho, "solteiro", do que me juntar com outro homem. Expliquei que respeitava a sua opinião, mas que também tinha de respeitar a minha. E acho que aos poucos, estou a conseguir. Não que ela compreenda ou aceite, nem que fique feliz por mim, mas que pelo menos respeite.

O casamento foi aprovado, pelo menos a primeira etapa. Ainda não é o que desejo, mas facilita o resto do caminho. A aceitação e compreensão pela sociedade, ou grande parte dela, ainda está longe. O preconceito é estúpido, e estúpida é a força com que se agarra. Não é fácil, mas as coisas estão bem melhores do que há uns anos atrás. Porém... ainda há muito a percorrer.

Nestes dias, pensei ouvir mais comentários, mais "anedotas", mais "conversas de machões, machos latinos"... Pelo contrário... vi que passou ao lado de algumas pessoas... com naturalidade. Os comentários piores, mais homofóbicos e preconceituosos vieram mesmo da família mais próxima. Mas como de costume, magoou, respirei fundo, engoli o sapo e segui em frente.

ps- gostava que entendesses como é para mim...

8 comentários:

Renato Miguel Araújo disse...

Já passei pela fase de que te aproximas, com uma diferença fundamental, com o apoio da minha mãe. Faz toda a diferença, eu sei. A vida a dois, uma casa nossa, um tempo que nunca é de um só... tudo isto é o que é. Não te vou dizer que é maravilhoso nem que é fácil, Muitas vezes penso se é isto que eu quero e o que é certo é que continuo aqui e com vontade de estar.

Força aí!

Abraço

TheMenBehindTheCurtain disse...

Quantos não são ás vezes os muitos sapos que temos de engolir...

Por acaso muitos foram os comentários degradantes que ouvi a respeito do casamento, alguns dos quais por colegas e amigos que tenho imensa estima. Mas também interrogo-me quantos não seriam aqueles que mudariam de perspectiva se soubessem que alguém ligado a eles eram homosexual.

Parece-me que para muito gente é viverem a acreditar que são realidades distantes, como se também o cancro, acidentes de carros e outras desgraças só acontece-se aos outros. Assim sendo, é fácil vir as maior barbaridades.
Abraço ;)

João Roque disse...

Essa gradual aprendizagem de uma nova forma de vida: vida a dois e saída do armário está a evoluir normalmente, penso eu; neste caso, como noutros o bom é inimigo do óptimo.
Já não concordo tanto contigo quando afirmas que , de uma maneira geral, foi menos negativa a resposta da sociedade (homofóbica) ao que se passou ontem na AR - pareceu-me haver um aumento das piadas, dos enxovalhos e dos recados mal-dizentes, o que até acho normal, na nossa sociedade, mas eles vão-se habituando, que remédio....
Abraço.

Mike disse...

Nestes dias o ódio juntamente com a ignorânica tem-se manifestado quer pela blogosfera, onde se leêm as maiores barbaridades, quer na comunicação social onde a ira daqueles que "perderam" os leva a igualmente a dizer as maiores alarvidades.
A própria comunicação social tem feito um teatro de todo o assunto, mas infelizmente já é normal, o que leva a que muitas pessoas continuem mal informadas.
A ignorância que reina no nosso país nesta matéria está no entanto a diminuir, mas aiinda há muito sapo que engolir.
Abraço.

Anónimo disse...

A maior sorte do mundo :) Vou abandonar o blogger mas conto voltar em Breve

Bem haja

Abraço

onmywaytoheaven disse...

tb experienciei o que o "TheMenBehindTheCurtain" (ufa..lol) já aqui relatou...

mais de colegas de trabalho, tanto masc. como femininos foram o feedback mais negativo que tive..a utilizarem a palavra #roto# que odeio e comentários sem propósito mas enfim...mal eles sabem...

não atingem, são limitados, condicionados/formatados,tal qual as disquetes que eles tanto gostam e que estão em vias de extinção...

tb me pergunto "quantos não seriam aqueles que mudariam de perspectiva se soubessem que alguém ligado a eles eram homosexual.."...

mas ainda muita água há-de correr..

o preconceito existe e está bem presente..

qto á tua mãe..."been there still"...é ainda um "trilho" novo que ela tem de percorrer/desbravar....

com tempo... :)

Loxodonta disse...

Olá!
Sinceramente, penso que a falta de comentários se deveu a um pensamento que eu própria tenho: se quem pode casar é adulto e consciente das suas opções porquê dificultar? Cada um sabe de si e sabe tomar decisões pela própria cabeça, porque é que tem que ser a lei a permitir ou não quando se apela à igualdade de direitos?
Foi aprovado, fantástico, multiplicou-se a humanidade, acho óptimo, mas agora, vamos partir para coisas "mais importantes" que dizem respeito a todos e não só a alguns.
Tens que admitir que por melhor que seja esta aprovação, ela serviu para distrair as atenções de outros assuntos como o orçamento de estado, por exemplo, e serviu para que as forças de esquerda, de costas para o governo, tomassem uma posição idêntica à dele.
Desculpa o testamento...
Beijinho e boa sorte nesta tua nova etapa

Sergio disse...

Olá! Chamo-me Sergio, vivo em Nova Iorque e revi-me muito no teu testemunho. Vivo junto com o meu companheiro há 1 ano e há cerca de quatro meses decidi contar aos meus pais. Idêntica reacção que a da tua mãe, não se conformam com a minha "escolha", que consideram "fácil" e "deplorável". Eu continuo a amá-los, escrevo, telefono. Mas não é fácil viver sem a compreensão dos pais. Tal como para mim, desejo-te a maior sorte e felicidades para ti e teu companheiro!

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