Agora também aqui

terça-feira, abril 03, 2007

INsighT

Desde de miúdo que sempre me senti diferente. Acho que foi assim com todos. Diferente da maioria pelo menos.
Acho que me apercebi da sexualidade desde muito cedo, talvez devido à minha mãe. Sempre fez questão de desde muito novo me explicar os "factos da vida". Nunca acreditei em cegonhas, nem em encomendas vindas não sei de onde. Sempre soube de onde vinham os bebés, como eram feitos, da anatomia masculina e da anatomia feminina. E desde que me lembro, que certas imagens, reais ou imaginadas, têm um certo efeito em mim.
Depois de um período hetero, cedo assumi perante mim que isso não me bastava. Havia algo mais que me despertava certas sensações, mesmo que não as soubesse identificar.
Eis que vem o período do medo de ser gay... Muito sofrimento, muitas dúvidas, muitas incertezas. Mas o tempo têm destas coisas, e a maturidade (se é que posso dizer que a atingi), muitas vezes acompanha-o. Deixei de me preocupar com denominações, gay/hetero/bi. Houve alturas em que me assumia como bi, sempre com dúvidas se realmente o seria, ou se seria apenas uma forma de negar a minha homossexualidade.
O contacto (infelizmente já numa fase tardia) com outros como eu, ocorreu numa fase em que já sabia o que queria, e como o queria, mas serviu para consolidar algumas "certezas". Conheci rapazes que nunca se sentiram atraídos por raparigas, rapazes que se sentiam atraídos por raparigas e por rapazes, outros para quem as "namoradas" eram apenas para disfarçar, etc.
Hoje em dia, acho que posso afirmar que sempre gostei de rapazes. Também gostei/gosto de raparigas. E não só como irmãs. Admito que por vezes dou por mim a olhar para um bom rabo feminino. Mas perdi o medo de olhar e comentar um bom rabo masculino.
Serei bi? gay?
Que interessa isso? Sou eu! =)
Os amigos mais próximos sabem como sou, sabem que estou numa relação com outro homem (ainda é difícil encarar-me como homem e não como jovem rapaz), que todos os dias se torna um pouco mais séria ( =) ) e isso basta-me.

Mas uma coisa admito. Quando jovem, como qualquer jovem, admirava fotos e imagens de corpos nus/semi-nus e despidos. E sonhava. E sempre que apareciam algumas como estas que aqui mostro, até doía tudo por dentro... doía mesmo, de uma forma que era difícil explicar. Talvez por estar mais reprimido na altura, talvez...









Nas fotos, Marco Dapper e Udi Karni.
E quando olho para elas, ainda se me aperta o peito. [suspiro]

5 comentários:

Manuel disse...

De uma forma geral as estórias de vida são muito semelhantes existindo, no entanto, alguns contornos que fazem com que estas sejam únicas.
Todos nós -gay, bi, hetero - passamos pela fase da descoberta e com ela o querer assumir ou não de uma determinada conduta ou forma de estar. Eu sempre me vi assim, e desde muito pequeno que sempre achei a anatomia masculina bem mais interessante que a feminina. No entanto, tive namoradas, que me excitavam, mas havia qualquer coisa que faltava e que se apresentava no objecto masculino.
Depois do primeiro beijo a um homem o mundo revelou-se para mim.
Acho que sou feliz...por vezes...
No post anterior falas que mentiste aos teus pais... Não existe pergunta que os nossos pais não nos façam que eles não saibam já a resposta. A mentira nas nossas respostas serve para nos enganarmos a nós próprios. Os meus pais deixaram de me fazer perguntas. As subtilezas passaram a ser óbvias, e o respeito instaurou-se. No entanto, aos olhos deles sou intocável...aliás como todos nós aos nossos pais.
Boa reflexão.
Fica bem.

Anónimo disse...

É uma muito boa descrição das fases da nossa sexualidade que aqui descreves; e fá-lo de uma forma não rebuscada, tão normal como a própria sexualidade, Para quê estar a preocupar-nos com rótulos, se o úmico rótulo que é importante para nós é a aceitação do que gostamos.
De uma forma igual, com pequenas "nuances" diferentes, a tua história é a minha história, e sinto-me tão bem, como sou, como imagino tu te sentirás também.
Um abraço.

Aequillibrium disse...

A atracção pelo masculino sempre existiu em mim. Os meus pais não viam/sabiam. Mas ultimamente deixaram de fazer certas perguntas, calculo que para não correrem o risco de ouvir uma resposta que não gostam. Espero que a fase do respeito que o Manuel fala chegue em breve.
=)

Anónimo disse...

Sempre soube o que era, o mais dificil foi aceitar e dar o passo para averiguar. Nunca me vi como Bi, sei que sou gay e prontos!
A fase de mentira foi muito curta para mim, pois nem 4 meses passaram até que meus pais soubessem e ainda bem que assim o foi, menos um peso nas costas. O problema é que me sinto a kilometros de distância da maioria dos gays, bis ou seja lá o que foram portugueses que ainda preferem a clandestinidade e que ainda não perceberam que a clandestinidade é talvez um dos maiores obstáculos das relaçoes!
Não tarda mando-me para espanha!

Momentos disse...

viva o jovem rapaz que há em ti. pensa sempre com a tua cabeça e nunca em função das outras.

Blip.fm