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domingo, agosto 26, 2007

Toque

O toque entre dois homens...

Antes do reconhecimento perante mim mesmo que me sentia atraído pelo mesmo sexo, o contacto físico com outros era evitado. Não só pela confusão que me provocava, mas também pelo receio (para não dizer medo), que desde pequenos nos é introduzido. Menino que toca menino, é logo chamado de maricas. E quando somos pequenos, ninguém quer ser mariquinhas. Nem os nossos pais o permitem.
Gradualmente fui-me descobrindo e conhecendo. E percebi desde cedo, que havia ali algo mais.
Passei então a evitar o toque, com medo que os outros percebessem que por (raras) vezes o toque era demasiado intenso. Demasiado para o que era suposto. A fase do aperto de mão e quanto muito, de um abraço afastado com umas pancadinhas nas costas, sem nada de exageros. E o mesmo receio (?) de ser apelidado de mariquinhas.

A personalidade e o carácter desenvolveram-se. Fortaleceram-se. O medo do que os outros pensassem de mim foi desaparecendo. Não me importo de tocar os outros. Tenho segurança suficiente para saber que posso tocar um homem sem segundos significados. Que os outros podem achar o que bem entenderem.



Mas isto depende sempre de outra pessoa, claro. Tenho amigos que não gostam de ser tocados. Tenho amigos a quem nunca dei um abraço. Sei que para eles, não é 'normal' tanta proximidade física entre dois homens. Uns gostaria de o fazer, outros, nem por isso.

Familiarmente, sempre beijei o meu pai, o meu irmão, os meus tios e os meus avôs. O meu pai sempre fez questão disso. Uma vez, ao ver o meu irmão, apertámos as mãos. O meu pai passou-se!!! LOL
Admito que quando éramos miúdos, era mais habitual, mas hoje em dia, ver dois homens de 30 e 40 anos, a beijarem-se na rua, pode ser curioso para alguns transeuntes...

Depois vieram os amigos gays. Alguém a quem teoricamente poderia tocar sem medo de ser apelidado de mariquinha ehehehhe
Consoante a ocasião e as pessoas, a proximidade sentimental, trouxe também a proximidade física. Tenho agora amigos a quem gosto de abraçar, beijar, tocar, sem nenhum problema. E é bom tocar e beijar quem gostamos.




Mas por vezes, dou por mim com o mesmo receio que tenho com as raparigas. Por vezes, tenho medo que o toque desinteressado, apenas com amizade, seja entendido como algo mais.


Acho que os homens e mulheres são muito parecidos, em todos os aspectos, ehehehe



PS- Mas há uma pessoa a quem gosto especialmente de tocar. E com muitas e boas segundas intenções! E pode ser tão bom o toque entre dois homens quando se amam....

7 comentários:

Hugo disse...

o toque é intensamente vivido por todos nós. por isso a todos os toques atribuímos um significado, seja o toque desinteressado de quem quer é sair do metro, seja o toque antecedido de um sorriso.
a interpretação de cada um provavelmente prende-se com os receios... ou os desejos de cada um...

Momentos disse...

O toque é natural. Os segundos significados nascem sempre de mentes torpes e perturbadas.

Manuel disse...

Pois eu e o meu irmão que temos 7 anos de diferença e cumprimentamo-nos com dois beijos na rua. Nunca nos incomodámos com isso. Há que fazê-lo com naturalidade!...

Quanto ao toque... é uma matéria muito complexa... há diversos tipos de toque. Aquele que eu mais gosto é do toque terapeutico...

Aequillibrium disse...

Hugo , não poderia concordar mais! =)

Momentos, os segundos significados podem ser bons. Não são necessariamente maus e de mentes perturbadas.


Manuel, eu e o meu irmão temos 8 anos. E tirando essa vez, sempre nos beijámos, naturalmente. Quanto ao toque terapêutico, é como dizes, muito complexo ;)

Hugo disse...

então e o toque educativo? LOOOOOOOL

Joao disse...

Tenho de ter cuidado contigo. Ainda me fazes passar vergonhas na rua.

João Roque disse...

Muito interessante este teu post.
Também eu e o meu irmão sempre nos saudámos com um beijo (9 anos de diferença). Há um aspecto curioso, que é não ser chocante ver duas moças de mão dada na rua, a passear, e seria pouco aceitável ver isso entre dois homens.
Já o fiz, uma vez, emplena luz do dia, em Madrid, nas mais diferentes ruas (não na Chueca, onde é normal), e senti-me estranhamente bem, quase desafiante, sem ser provocador.

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